É comum na prática clínica nos depararmos com pacientes sem diagnóstico prévio de Hipertensão e relatando medidas habituais sempre normais, mas nas medidas de consultório os níveis estarem sempre acima do normal.
Quando o paciente apresenta níveis normais de pressão fora do consultório e elevação apenas nas consultas, confirmados pelos exames de MAPA (monitorização ambulatorial da pressão arterial) ou do MRPA (monitorização residencial da pressão arterial), falamos em “Hipertensão do Jaleco Branco”. Esses dois exames consistem na coleta de várias medidas da pressão arterial ao longo de um período (um a sete dias), observando seu comportamento no dia-a-dia do paciente, fora do consultório.
A Hipertensão do Jaleco Branco acomete cerca de 13% da população mundial, sendo mais comum em mulheres e idosos. É um diagnóstico que não necessita de tratamento com medicações, porém estudos mostram que esses pacientes apresentam risco cardiovascular (risco de infarto, AVC,…) cerca de duas vezes maior do que o da população com níveis normais de pressão.
A importância de se distinguir pacientes com Hipertensão do Jaleco Branco de pacientes com Hipertensão Arterial verdadeira consiste em se evitar a prescrição errônea de medicamentos àqueles pacientes.
Em 2017, fomos surpreendidos por uma nova classificação dos níveis pressóricos, proposta pela Sociedade Americana de Cardiologia. Foram classificados como normais os níveis de pressão arterial menor que 120/80mmHg. Níveis entre 120 e 129 de pressão sistólica e menor que 80 de pressão diastólica foram classificados como “elevados”, mas ainda sem o diagnóstico de Hipertensão Arterial. Pacientes que apresentem pressão arterial sistólica maior ou igual a 130 e pressão arterial diastólica maior ou igual a 80 já foram classificados como hipertensos. Ou seja, temos agora um número muito maior de hipertensos na população!
Entretanto, níveis de pressão sistólica entre 130 e 139 ou pressão arterial diastólica entre 80 e 89 (Hipertensão arterial estágio 1), em geral não requerem tratamento com medicações, exceto em grupos de pacientes com risco cardiovascular aumentado (paciente com infarto prévio, AVC prévio, entre outros). O tratamento não medicamentoso, como controle de peso, reeducação alimentar com redução das quantidades de sódio, redução da ingestão de álcool, cessação do tabagismo, controle do estresse e realização de atividade física, está recomendado a todos os pacientes com pressão maior ou igual a 130/80mmHg.
É importante lembrar que esses novos valores de classificação da pressão arterial são novos, sendo mais rigorosos do que os anteriores e visando prevenção de complicações no paciente hipertenso.
Converse com seu médico, faça avaliações regulares e garanta uma vida mais saudável e livre de doenças no futuro!
fonte: Dra. Maria Flávia Monteiro Scalon, CRM SP 151295
